terça-feira, 29 de março de 2011

Um bar e nossas vidas


Ter um bar sempre foi uma vontade antiga da família. Não apenas para proporcionar diversão para as pessoas, servir bebidas e comidas, mas também para mostrar a todos o que gostávamos de verdade: música de boa qualidade. Desde sempre idealizávamos esse bar, que teria música ao vivo e a nossa cara.

Certo dia o Espelunka nasceu, mais propriamente a coragem para colocar em prática esse projeto antigo. Na sala de casa, eu, minha esposa Cleide, meu saudoso cunhado Cleber e minhas duas filhas começamos a “brincar” de projetar e escolher o nome daquele nosso sonho. Depois de várias discussões, sugestões lançadas e recusadas, Cleber “soltou” uma expressão que "provavelmente o bar será uma espelunca". Aquilo soou como um batizado, com aprovações e risos desafiantes.

Com o batismo feito, seguimos em frente. Pensamos onde esse bar se instalaria perfeitamente. Cogitamos Litoral Norte, Santos, São Paulo, mas a raiz da família está na cidade de São Vicente e decidimos dar crédito a esse fato. E foi numa casinha geminada, numa praça bucólica que passamos oito meses reformando, decorando e preparando as instalações, sem praticamente terceirizar nada. O Espelunka é um pouco de cada um da família, construímos com ideias de todos.

Inauguramos, finalmente, em junho de 2003. No inicio não foi fácil, bairro residencial, pouca divulgação, pouco retorno financeiro. Mas a preocupação com as apresentações de qualidade continuava tão viva quanto o ideal de manter um diferente ramo de entretenimento, em que oferecemos cerveja para acompanhar a apreciação da música, e não o contrário. E pouco a pouco o bar foi sendo reconhecido como um lugar especial.

Até hoje buscamos artistas que queiram compartilhar a paixão pela música e por tudo que ela culturalmente significa. E assim, nessa busca, encontramos pessoas que acreditam na possibilidade de fazer mais do que a mesmice impõe. Grandes parceiros englobaram o Espelunka em uma roda de grandes realizações: Revista Ao Vivo, Bruno De La Rosa, Wylmar, Caio Forster e Matheus, Edson Vieira, Ricardo Oliver, Rosy Padron, Tennyson, entre muitos outros que seremos injustos em não citar.

E lá se vão quase oito anos, de uma batalha, de um sonho concretizado, de um projeto familiar, de um bar que fosse diferente para todos. Diferente por sua localização, atendimento, pelo clima e, principalmente, pela qualidade artística que é apresentada em todos os dias de seu funcionamento. Onde os grandes encontros e as cervejas com os amigos, são emoldurados por boa música e bom gosto, deixando assim tudo mais interessante.

Como um filho o Espelunka cresceu. Precisa se desenvolver. Estudar, conhecer e viver novos espaços. Neste mês de abril de 2011 o Espelunka se despede de São Vicente.

Sabemos que ele é muito mais que uma casa, que uma decoração na parede, que cervejas postas na mesa. Sendo assim, o Espelunka leva com ele todas as noites, pessoas, amigos e toda a música que viveu para outra morada.

Agradecemos a todos que entenderam e sentiram de verdade esse lugar que foi muito mais que um bar. Esperamos ter construído para a região um símbolo de que é possível ser o que quiser, em qualquer lugar. Pedimos também, que guardem na memória todos os momentos incríveis dessa história, pois diferente de qualquer papo comercial, vocês não foram apenas clientes, podemos sim chamá-los de amigos.

Esperamos uma visita de vocês na próxima cidade que o Espelunka vai morar. Com a mesma intenção e energia, com o mesmo espírito e com a mesma família para abraçá-los.

Um forte e demorado abraço.

Fred e Família Malfatti



Fique atento às próximas postagens aqui e nas redes sociais para acompanhar a programação de abril (último mês de funcionamento na baixada santista).

2/04/2011 – Wylmar
9/04/2011 – Bruno De La Rosa


4 comentários:

  1. Okok...farei as honras deste post...mesmo contrariado, até porque pra eu escrever tudo isto aí, não é muito minha cara.
    Mas alguns sentimentos....
    Já faz tempo que não compareço por aí mas, é engraçado, das poucas vezes que vou pra rua hoje, me divertir, penso...podia ir no Espelunka hoje, ver Wilmar e Bruno tocar e ser feliz!!!
    Pode parecer saudosismo barato mas, vivi por aí momentos muito legais e divertidos e durante um tempo me falavam: Ah não, Espelunka outra vez?!?!? Já estava viciado.
    As circunstâncias me levaram ao afastamento porém, em Abril, seremos merecedores, eu e vocês, de uma visita como as de sempre, felizes e com muito boa música!!!
    Sinto pela partida mas não fico triste por que minhas lembranças do espelunka nunca me deixam tristes!!!
    Vou aí pela última ves pedir pra Wylmar cantar o canto de Oçanha, como fazia antigamente.
    PUTA LUGAR DO CARALHO!!!!!!!!
    Só vai fazer falta pra quem não foi!!!
    Quem foi se divertiu e continuará assim na lembrança!!
    ABRAÇO!!!!!

    Agora, a pergunta persiste: para onde vai o Espelunka???

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  2. É com um grande aperto no peito que escrevo estas linhas agradecendo a vocês, Fred, Cleide, Thâmara e Catharine, pelas inesquecíveis noites que vocês proporcionaram a todos nós que tivemos o privilégio de "viver" o Espelunka. Subir aqueles degraus era penetrar num mundo paralelo onde o carinho com que vocês nos acolhiam era palpável e embriagava a todos nós numa bruma de paz, amor, harmonia, alegria e arte.O Espelunka é mágico.
    Obrigada pelas lindas lembranças e saibam que para onde quer que mudem,desejamos que sejam muito felizes e saibam que estão levando com um pedacinho do coração de cada "filho" do Espelunka vibrando positivamente por vocês. Estaremos esperando notícias suas com muitas saudades e assim que possível, estaremos no endereço para onde mudarem...duvido vcs se livrarem facilmente da gente!!
    Obrigada, Família Malfatti. Amamos vocês!

    Merry e com certeza, todos os filhos do Espelunka.

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  3. Catharine e família,

    Entendo esse momento como uma parada estratégica para repensar caminhos e renovar a trajetória de sucesso do Espelunka. Espero que o bar volte a funcionar rapidamente. Após alguns anos em SP, voltei a morar na Baixada e certamente o Espelunka será um dos meus bares favoritos por aqui.

    Abraços e sucesso, sempre!

    Camila Micheletti

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  4. Cruz na porta da tabacaria!
    Quem morreu? O próprio Alves? Dou
    Ao diabo o bem-estar que trazia.
    Desde ontem a cidade mudou.

    Quem era? Ora, era quem eu via.
    Todos os dias o via. Estou
    Agora sem essa monotonia.
    Desde ontem a cidade mudou.

    Ele era o dono da tabacaria.
    Um ponto de referência de quem sou
    Eu passava ali de noite e de dia.
    Desde ontem a cidade mudou.

    Meu coração tem pouca alegria,
    E isto diz que é morte aquilo onde estou.
    Horror fechado da tabacaria!
    Desde ontem a cidade mudou.

    Mas ao menos a ele alguém o via,
    Ele era fixo, eu, o que vou,
    Se morrer, não falto, e ninguém diria.
    Desde ontem a cidade mudou.

    (Álvaro de Campos)

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